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segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Duas dores, dois senhores


“No caminho de Deus, a dificuldade se torna prazerosa.”
Carlos Bezerra

No decorrer da minha vida cristã, tenho percebido que há dois tipos de dores que podemos sentir. Há uma dor excruciante e profunda. Essa dor consome os nossos pensamentos. Ela vem com pontadas de acusação e nos fere sem dó. Essa é a dor da culpa. Aquela que sentimos quando fizemos algo de errado. Dor que vem junto com vergonha, amargura e angústia. É a dor do pecado.

Há também outro tipo de dor. Essa não tem um limiar menor do que a primeira. Perdão pela redundância, mas essa dor também dói. E dói muito. Porém, diferente da outra, ela não consome, mas constrói. Ela nos fere, sim. Contudo, como um diamante a ser lapidado, cada golpe nos torna mais próximos do projeto final daquEle que nos modela. Chamo a essa de dor da obediência. Com ela vêm transformação, crescimento e intimidade com o Senhor.

Muitos usam o pecado como anestésico para a primeira dor. Quanto mais pecado, mais o coração se torna insensível aos gemidos do Espírito. A dor da culpa deixa de ser dor e o pecador se entorpece com as próprias iniquidades. Amarga ilusão. Um dia Deus o acordará de seu “coma espiritual”, cobrando-lhe a obediência que lhe havia sido exigida.

Para a segunda dor, eu diria que o anestésico vem junto com ela. O prazer da obediência àquEle que nos ama torna aquela dor suportável. Não como um entorpecente que aliena o sofredor, mas como uma dose de nutrientes que nos faz mais fortes. A dor não se faz menor. Nós é que nos tornamos maiores em Cristo.

A vida é feita de escolhas, e essa é uma delas. Não há como fugir. Desobedecer dói, obedecer também dói. A diferença está no resultado final de cada uma delas. E é essa escolha que definirá o que receberemos no final de tudo. Aos desobedientes, dor eterna. Aos obedientes, prazer eterno.

“E o servo inútil, lançai-o para fora, nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes.” (Mt 25.30)

“E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram.” (Ap 21.4)

Em Cristo,

Felipe Prestes

2 comentários:

Unknown disse...

Muito boa essa mensagem, Felipe.
É incrível o modo como Deus está usando vocês nesse blog. Sempre que venho por aqui, saio muito edificada.
Que Deus possa continuar abençoando o trabalho de vocês.

Débora Prestes disse...

vixe... essa foi muito boa mesmo!!!Bom é perceber o real prazer no sofrimento em Cristo.

O quão prazeroso é receber o consolo do Senhor na aflição. Sofrer por alguém que sofreu infinitamente mais por nós, parece diminuir em tamanho considerável a nossa angústia (não o sofrimento como foi dito) porque não estamos sozinhos e torna a nossa conciência ao pensamento de que tudo o que fazemos ainda é pouco diante do que ele fez.

“Não temos então medo de fraquejar? Por quê? Porque invocaremos o nome do Senhor. Como venceriam os mártires, se neles não vencesse aquele que disse: Alegrai-vos porque eu venci o mundo?”
(Agostinho)