A afirmação foi bem direta e confrontadora, fruto de Quem tem autoridade: “Vou retirar-me, e vós me procurareis, mas perecereis no vosso pecado; para onde eu vou vós não podeis ir.” (Jo 8.21).
Um discurso duro para corações duros. Cristo nunca colocou o homem no centro. Isso é uma prática do próprio homem. Neste episódio, Cristo se coloca no Seu lugar de poder e desvela o estado miserável em que se encontravam aqueles que O escutavam.
Sim, foi uma dura sentença, mas não foi complexa, não foi obscura. O discurso de Cristo é sempre sobre coisas do alto, mas aqueles ouvintes queriam interpretá-Lo como se Ele falasse das coisas terrenas. Os judeus se perguntavam se Ele estava querendo dizer que ia suicidar-Se, ao dizer que eles não poderiam ir para o mesmo lugar dEle. Triste engano de mentes obscurecidas por uma visão puramente material da realidade. Não conseguiam entender a profundidade do discurso do Mestre.
Cristo, então, explica o porquê de eles não O entenderem. E é aqui onde se encontra a chave, como já foi falado, para entender essa visão diferente de Jesus. “Vós sois cá de baixo, eu sou lá de cima; vós sois deste mundo, eu deste mundo não sou.” (Jo 8.23).
Uma mente voltada para baixo, isto é, para o mundo, não pode entender o que acontece lá em cima, nas regiões celestes. Não se poderá entender os desígnios de Deus se a mente do homem estiver voltada a entender, a agradar e a lutar pelos desígnios do próprio homem. E, caso esses homens a quem Cristo falava não cressem que Ele era o EU SOU, morreriam nos seus pecados, sem entender a esfera espiritual.
Os judeus lhe perguntam “Quem és tu?”, procurando saber com que autoridade Cristo falava aquilo. E Jesus afirma que veio do Pai e que teria muito mais coisas para dizer e para julgar, mas que veio falar apenas aquelas que o Pai havia Lhe dito. Em outras palavras, Cristo veio com um discurso celestial falar a homens com mentes céticas e materialistas. O resultado disso?
“Eles, porém, não atinaram que lhes falava do Pai” (Jo 8.27)
Então, depois de lhes explicar que não vinha de Si mesmo, mas do Pai, fazendo sempre o que agradava Àquele que O enviara, muitos creram nEle. A esses, Cristo falou que, se eles permanecessem na Sua palavra, verdadeiramente seriam Seus discípulos. E ainda lhes falou:
“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (Jo 8.32)
Aquelas mentes não podiam entender o que Cristo falava. Aqueles judeus pensavam que Jesus estava falando da escravidão que eles conheciam. Mas Jesus se referia à libertação de uma escravidão muito mais profunda e dolorosa, a escravidão do pecado. Mas, dessa escravidão, o Filho podia libertá-Los. (Jo 8.36)
Cristo fala que eles procuravam matá-lo pelo fato de Sua palavra não permanecer nos seus corações. E, então, lhes explica o porquê de não entenderem Suas palavras.
“Qual a razão por que não compreendeis a minha linguagem? É porque sois incapazes de ouvir a minha palavra.” (Jo 8.43)
Sem ouvir a Palavra de Cristo, sem dar ouvidos ao que Ele nos quer dizer através de Sua Escritura, não se poderá compreender a Sua linguagem. Ela será inacessível, será incompreensível aos ouvidos humanos. Dessa forma, veremos apenas essa mera realidade material diante de nós. O que Cristo ensinou vira apenas um mero exemplo de uma vida incapaz de ser imitada. O Mestre vira apenas um sábio, um libertador, um filósofo, um sociólogo. Com lentes materiais, Ele será apenas isso mesmo.
Porém, com lentes espirituais, as lentes com as quais Ele percebia a realidade, não perguntaremos como os judeus “Quem és tu?”, mas O reconhecemos como o Senhor de nossas vidas, digno da nossa obediência, honra e louvor, em todos os momentos, para a Sua glória somente.
Em Cristo,
Felipe Prestes
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