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sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Alguém diferente, uma linguagem diferente

Esse episódio serve como uma espécie de guia para entender as outras vezes em que Cristo se mostrou com uma visão distinta acerca dos fatos ao seu redor. Jesus vinha de uma sequência de duros discursos contra os escribas e fariseus, quando introduz um assunto também muito difícil não só de eles compreenderem, mas de aceitarem.

A afirmação foi bem direta e confrontadora, fruto de Quem tem autoridade: “Vou retirar-me, e vós me procurareis, mas perecereis no vosso pecado; para onde eu vou vós não podeis ir.” (Jo 8.21).

Um discurso duro para corações duros. Cristo nunca colocou o homem no centro. Isso é uma prática do próprio homem. Neste episódio, Cristo se coloca no Seu lugar de poder e desvela o estado miserável em que se encontravam aqueles que O escutavam.

Sim, foi uma dura sentença, mas não foi complexa, não foi obscura. O discurso de Cristo é sempre sobre coisas do alto, mas aqueles ouvintes queriam interpretá-Lo como se Ele falasse das coisas terrenas. Os judeus se perguntavam se Ele estava querendo dizer que ia suicidar-Se, ao dizer que eles não poderiam ir para o mesmo lugar dEle. Triste engano de mentes obscurecidas por uma visão puramente material da realidade. Não conseguiam entender a profundidade do discurso do Mestre.

Cristo, então, explica o porquê de eles não O entenderem. E é aqui onde se encontra a chave, como já foi falado, para entender essa visão diferente de Jesus. “Vós sois cá de baixo, eu sou lá de cima; vós sois deste mundo, eu deste mundo não sou.” (Jo 8.23).

Uma mente voltada para baixo, isto é, para o mundo, não pode entender o que acontece lá em cima, nas regiões celestes. Não se poderá entender os desígnios de Deus se a mente do homem estiver voltada a entender, a agradar e a lutar pelos desígnios do próprio homem. E, caso esses homens a quem Cristo falava não cressem que Ele era o EU SOU, morreriam nos seus pecados, sem entender a esfera espiritual.

Os judeus lhe perguntam “Quem és tu?”, procurando saber com que autoridade Cristo falava aquilo. E Jesus afirma que veio do Pai e que teria muito mais coisas para dizer e para julgar, mas que veio falar apenas aquelas que o Pai havia Lhe dito. Em outras palavras, Cristo veio com um discurso celestial falar a homens com mentes céticas e materialistas. O resultado disso?

“Eles, porém, não atinaram que lhes falava do Pai” (Jo 8.27)

Então, depois de lhes explicar que não vinha de Si mesmo, mas do Pai, fazendo sempre o que agradava Àquele que O enviara, muitos creram nEle. A esses, Cristo falou que, se eles permanecessem na Sua palavra, verdadeiramente seriam Seus discípulos. E ainda lhes falou:

“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (Jo 8.32)

Aquelas mentes não podiam entender o que Cristo falava. Aqueles judeus pensavam que Jesus estava falando da escravidão que eles conheciam. Mas Jesus se referia à libertação de uma escravidão muito mais profunda e dolorosa, a escravidão do pecado. Mas, dessa escravidão, o Filho podia libertá-Los. (Jo 8.36)

Cristo fala que eles procuravam matá-lo pelo fato de Sua palavra não permanecer nos seus corações. E, então, lhes explica o porquê de não entenderem Suas palavras.

“Qual a razão por que não compreendeis a minha linguagem? É porque sois incapazes de ouvir a minha palavra.” (Jo 8.43)

Sem ouvir a Palavra de Cristo, sem dar ouvidos ao que Ele nos quer dizer através de Sua Escritura, não se poderá compreender a Sua linguagem. Ela será inacessível, será incompreensível aos ouvidos humanos. Dessa forma, veremos apenas essa mera realidade material diante de nós. O que Cristo ensinou vira apenas um mero exemplo de uma vida incapaz de ser imitada. O Mestre vira apenas um sábio, um libertador, um filósofo, um sociólogo. Com lentes materiais, Ele será apenas isso mesmo.

Porém, com lentes espirituais, as lentes com as quais Ele percebia a realidade, não perguntaremos como os judeus “Quem és tu?”, mas O reconhecemos como o Senhor de nossas vidas, digno da nossa obediência, honra e louvor, em todos os momentos, para a Sua glória somente.

Em Cristo,

Felipe Prestes

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