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quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Jesus e o pão da vida


Ao fazer a multiplicação dos pães, o Senhor Jesus se viu ainda mais procurado do que o normal. Naturalmente, a multidão que O seguia haveria de aumentar depois de ter visto tamanho milagre com um número tão grande de beneficiados diretos (cerca de quinze mil pessoas).

Diante desse grande interesse de tantos em busca de Cristo, o Salvador sabia que muitos ali, a maioria na verdade, estava em busca não de algo espiritual, não de segui-lo verdadeiramente, mas com o único interesse em se beneficiar fisicamente de seus milagres, quer para serem curados, quer para serem alimentados. Jesus sabia o quanto o material tem importância para o ser humano e sabia também da nossa facilidade em colocar as coisas da carne superiores às coisas do espírito.

Nesse pano de fundo, a multidão chegou a Cristo, pois O havia procurado do outro lado do mar, mas não O havia encontrado. Tendo atravessado o mar e chegado a Cafarnaum, encontraram o Mestre. Vendo Jesus a disposição do coração deles, respondeu-lhes:

“Em verdade, em verdade vos digo: vós me procurais, não porque vistes sinais, mas porque comestes dos pães e vos fartastes.” (Jo 6.26)

Dessa forma, Cristo anuncia o início da sua mudança do foco material para o espiritual. Inicia isso mostrando que sabia o interesse puramente material daqueles que O buscavam naquele momento.

Então, continua: “Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que subsiste para a vida eterna, a qual o Filho do Homem vos dará; porque Deus, o Pai, o confirmou com o seu selo.” (Jo 6.27)

Cristo mantém o paralelo entre o espiritual e o material. Agora, ele sai da questão do interesse e passa para o tema do esforço. O trabalho do homem é para o seu sustento. Sem o seu sustento, o homem morre de fome, de necessidade. O homem trabalha para obter esse alimento físico. Cristo está dizendo que o esforço do homem para obtenção do alimento espiritual deve ser maior do que o esforço para obtenção do sustento físico. Afinal, o alimento acaba, perece. Já o alimento espiritual dura para a vida eterna.

Os judeus pedem a Cristo sinais para que cressem nEle, dizendo que os seus pais viram o maná, o pão do céu, descer para que se alimentassem. Cristo usa isso a seu favor, dizendo que o verdadeiro pão do céu não era o maná. Este era uma tipificação do pão da vida que haveria de vir, que daria vida ao mundo (Jo 6.33). Ainda sem entenderem do que Jesus falava exatamente, os judeus Lhe pedem que lhes deem sempre desse pão.

Com isso, Cristo se revela afirmando categoricamente quem é esse pão de que fala: “Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede.” (Jo 6.35)

Ainda sem entender (ou sem querer entender) o que Jesus dizia, os judeus murmuravam entre si, questionando como poderia Jesus ter descido do céu se eles conheciam Seu pai e Sua mãe. Cristo desceu do céu no sentido de ter sido enviado por Deus para cumprir Sua missão, mas os judeus se recusavam a entender tão simples metáfora.

Cristo parece mostrar o motivo pelo qual eles não entendiam tudo aquilo. “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer” (Jo 6.44a). E, depois, insiste no paralelo espiritual/material ao dizer que dos judeus: “Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram. Este é o pão que desce do céu para que todo o que dele comer não pereça.” (Jo 6.49,50). E, para não restar dúvidas do que estava dizendo, diz que “e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne” (Jo 6.51b).

Mas os judeus, com o foco unicamente material, insistem em não compreender e se perguntam: “Como pode este dar-nos a comer a sua própria carne?” (Jo 6.52). A questão não é a falta de inteligência para entender um discurso tão simples, mas a falta de um discernimento, de uma visão espiritual acerca do que Jesus está falando. Afinal, são asseverações claras como “a minha carne é a verdadeira comida, e o meu sangue é a verdadeira bebida” (Jo 6.55) que aqueles homens não conseguem compreender.

Cristo, com sua total visão espiritual, mais uma vez não foi compreendido por se referir a coisas eternas, enquanto os outros olham para as coisas da terra. “O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida.” (Jo 6.63). Depois de duras palavras, Cristo diz o que realmente importa, o espírito, tirando de muitos dos que escutavam a expectativa da busca por algo material. Frustrados, “À vista disso, muitos dos seus discípulos o abandonaram e já não andavam com ele.” (Jo 6.66)

Em Cristo,

Felipe Prestes

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