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quarta-feira, 29 de julho de 2009

A purificação do templo com lentes espirituais


Nesse tão conhecido episódio, pode-se ver o Senhor Jesus tomando uma atitude, no mínimo, curiosa. Se houvesse hoje uma situação semelhante, certamente haveria más interpretações sobre o fato. Diante de tal complicação, entender a visão espiritual de Cristo faz-se a chave para abrir as portas de um entendimento real do que ocorreu naquele dia no templo.

O templo sempre foi algo sagrado para os judeus. O próprio Deus ordenou sua construção, dando todos os detalhes de como Ele queria que fosse edificada a casa em que o Seu povo O adoraria. Foram instruídas por Deus desde a dimensão das portas até a forma como os sacerdotes deveriam se vestir para entrar em certos ambientes.Tanto detalhamento mostra a importância que Deus dava àquele lugar. Não pelo prédio ou pela liturgia por si só, mas pelo fim de tudo aquilo, a Sua própria glória.

Ao ver o templo de Deus, Jesus esperava que aquele lugar fosse reverenciado e honrado, assim como importava ao Pai. Porém, Cristo “encontrou no templo os que vendiam bois, ovelhas e pombas e também os cambistas assentados” (Jo 2.14).

Aos olhos puramente humanos, aquela era uma situação simplesmente comum. Homens comerciando para obter lucro dos produtos que vendiam. Os sacrifícios deveriam ser tirados da propriedade de quem os ofertava, mas os comerciantes facilitavam esse trabalho. Vendiam o “sacrifício” no próprio templo, tornando a vida daqueles religiosos mais fácil, mais prática. Um comércio de fé. Algo bem semelhante ao que se vê atualmente nos meios de comunicação com a comercialização do crer.

Por outro lado, isto é, por outro foco, o que se fazia no templo com comércio era uma afronta direta ao Senhor que o mandou construir. Ir ao templo deveria ser uma tarefa religiosa e, portanto, litúrgica, sim. No entanto, deveria ser uma religiosidade sincera, pois é a isso que o próprio Cristo valoriza, pois aquele fariseu da parábola não foi escutado, mesmo sendo seguidor dos costumes de sua religião, mas, ao publicano, Deus escutou por reconhecer pura e simplesmente que era pecador e que precisava de perdão, nem tendo coragem suficiente para levantar os olhos e olhar para os céus.

Cristo viu uma banalização de algo extremamente valioso para Deus. O resultado foi uma profunda indignação diante de tamanho desrespeito a Deus Pai. Como providência, Jesus tomou chicotes e “expulsou todos do templo, bem como as ovelhas e os bois, derramou pelo chão o dinheiro dos cambistas, virou as mesas”. (Jo 2.16)

O Mestre mostrou profundo zelo e cuidado pelo que tinha valor diante do Pai, mostrando Sua total identificação e intimidade com a Primeira Pessoa da Trindade. A prova disso é o Seu discurso. “Tirai daqui estas coisas; não façais da casa de meu Pai casa de negócio.” (Jo 2.16)

O foco espiritual de Cristo se mantém. Depois de os judeus perguntarem de onde Ele tirava autoridade para tomar aquelas atitudes tão imponentes, o Senhor responde: “destruí este santuário, e em três dias o reconstruirei” (Jo 2.19). Jesus falava de si próprio. O santuário era Ele mesmo que seria “destruído”, mas seria “reconstruído” no terceiro dia.

Como cegos espirituais, aqueles judeus não entenderam e pensaram que Cristo falava do santuário físico, que havia demorado quarenta e seis anos para ficar pronto.

Uma visão errada leva a uma prática errada. Os comerciantes bem como os consumidores do templo não conseguiam enxergar a afronta que estavam cometendo a Deus. O respeito que o templo demandava havia perdido o sentido para aqueles que queriam lucrar pura e simplesmente e, assim, perderam seus escrúpulos. Deve-se, portanto, saber, através da Palavra, o que é importante para Deus e, assim, ser zeloso com o que Ele zela.

Em Cristo,

Felipe Prestes

2 comentários:

Antônio Neto disse...

É muito interessante que os próprios judeus, como foi dito, volorizavam por extremo o Templo. O Templo era o símbolo e o coração da nação. Mas com lentes outras, tais como as lentes religiosas e/ou as lentes ambiciosas, e não as veras lentes espirituais, o homem não enxerga direito nem o que ele mesmo valoriza.
Fizemos nossos olhos na Palavra para enxergamos com clareza o que Deus valoriza e aprender a lidar corretamente com o que nós valorizamos.
Amém,
Obrigado Felipe

Carlos A. Bezerra disse...

Uma visão errada (doutrina) leva a uma prática errada.
Excelente texto...
Abração caro "Yancey".