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sexta-feira, 31 de julho de 2009

Nicodemos e o nascer de novo


Como pode um mestre não entender uma simples metáfora? Ao analisar de forma um pouco mais detalhada esse episódio, será possível responder à pergunta.

Nicodemos, provavelmente para não ser visto, encontrou-se com Jesus à noite. Aquele que era um dos principais dos judeus se mostra reconhecer a procedência de Jesus. “Sabemos que és Mestre vindo da parte de Deus” (Jo 3.2).

Cristo parece quebrar o assunto de Nicodemos e afirma que “se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (Jo 3.3). O Senhor Jesus estava usando algo deste mundo material, o nascer, para comparar o que se acontece com aquele que se entrega à autoridade do Supremo Pastor.

Mas, naquele momento, toda a erudição daquele mestre mostrou-se inútil. O que se vê é alguém que estudou com os maiores professores, tendo acesso à literatura prima da época, não entender uma simples metáfora que não era uma grande abstração, mas uma simples espécie de comparação.

Os livros não serviram a Nicodemos. O de que ele precisava eram óculos espirituais para perceber a profundidade do nascer de novo. Mas como não os tinha naquele momento, o mestre dos judeus devaneou com uma pergunta de quem não havia entendido tão simples declaração: “Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, voltar ao ventre materno e nascer segunda vez?” (Jo 3.4) E Cristo, assim, dá uma pista do paralelo que quer apresentar ao dizer: “O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito.” (Jo 3.5)

Jesus, então, faz outra mera metáfora sobre o vento, e Nicodemos não entende que o Espírito sopra onde quer assim como o vento o faz. Com isso, Cristo faz uma pergunta dura e precisa. “Tu és mestre em Israel e não compreendes estas coisas?” (Jo 3.10)

Onde estava todo o conhecimento daquele estudioso ao não entender duas simples metáforas do Senhor Jesus? O próprio Cristo fala que, tratando de coisas terrenas, isto é, usando figuras de experiências humanas, aquele homem instruído não pôde entender o que lhe era dito. Como iria, então, crer quando Jesus lhe falasse das coisas puramente espirituais? (Jo 3.12)

Num mesmo diálogo, as mesmas palavras, porém sentidos completamente diferentes para cada um. É assim que se vê o episódio de Nicodemos. Para Cristo, com a visão do lado espiritual, nascer de novo nada mais era que o regenerar-se para uma nova vida para Deus. Mas a Nicodemos parecia estar velado o sentido tão simples de um mero recurso de linguagem.

Títulos, reconhecimento humano, aplausos, nada disso tem importância quando se vai tratar com Deus, diante de Quem a sabedoria deste mundo é loucura (1 Co 3.19). Para se entender a Cristo, precisa-se muito mais do que a mera inteligência humana. É necessário um abrir de olhos, um nascer de novo, para que, através da nova vida e da nova visão, possa-se ter acesso a um campo antes não conhecido da realidade, a esfera espiritual.

Em Cristo,

Felipe Prestes

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