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sábado, 7 de fevereiro de 2009

A quem estamos enganando?




A vida cristã está cheia de armadilhas. Uma delas é a aparência. O velho ditado popular “Quem vê cara não vê coração.” é um vislumbre que o próprio mundo tem de que a aparência não é tudo. Mas, nesse mundo marcado pelas imagens, o aparecer tem contado muito. Tantas e tantas vezes o aparecer tem ganhado mais valor do que o ser.
E, na vida cristã, não tem sido diferente. Vou tentar explicar. Ir à igreja nos cultos oficiais, servir em algum ministério, ter relacionamentos saudáveis com pessoas da igreja, essas ações podem ser reflexos de uma vida com Deus. Vou repetir: podem. Essas aparências também podem ser apenas aparências. Esses três tópicos que citei são muito fáceis de serem cumpridos e, além disso, são muito saudáveis por sinal. Ir à igreja nos cultos é muito agradável. Encontrar pessoas interessantes que se reúnem em um lugar receptivo, ter o que fazer em um domingo à noite e cumprir o dever religioso fazem bem à mente. Servir em algum ministério também não é tão difícil assim. Dependendo do lugar, você pode nem fazer tanto e receber um cargo. Então, na igreja, você é conhecido como o fulano, supervisor, coordenador, inspetor, ou qualquer outra designação que possa ser dada a quem faz algo. Isso é bom, pois os outros olharão para você como um servo de Deus. Ter relacionamentos saudáveis com as pessoas da igreja também é muito bom. São homens e mulheres com quem podemos conversar mais ou menos sobre as mesmas coisas. Isso é bem saudável para a nossa sociabilidade. Longe de mim dizer que essas são coisas ruins. O meu problema é em vê-las quando, em si, se tornam alvos da vida de muitos.
A quem estamos enganando quando tentamos parecer crentes? Sabemos que Deus quer de nós uma vida abundante. Sabemos que a Bíblia nos dá ordens fortes, que não são fáceis de cumprir muitas vezes. Mas a quem estamos enganando quando os versículos do tipo “amai os vossos inimigos”, “abstende-vos de toda forma de mal”, “aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz, nisto está pecando”, “fazei tudo para a glória de Deus” parecem estar apagados de nossas bíblias?
Podemos enganar o mundo. A vida de um crente é um tanto diferente da vida dos incrédulos. Certamente eles nos acharão diferentes. Podemos enganar os outros crentes. Muitos deles nem vão tanto aos cultos, nem servem na igreja e são um tanto isolados dos irmãos. Eles nos considerarão espirituais pelo que mostramos ser.
Mas há alguém a quem não podemos enganar: Aquele que sonda os nossos corações e sabe a motivação por trás de cada uma de nossas ações. Para esse não podemos apenas parecer espirituais. Para Ele, o número de ministérios que temos e a freqüência de cultos aos quais comparecemos não impressionam. A Ele importa o que somos, e não o que parecemos. Nossas obras podem ser nada dependendo da disposição do nosso coração. Lembrem-se de que Paulo considerou muito de suas vantagens sociais como lixo para ganhar a Cristo. Ele sabia que tudo o que ele parecia não era importante para Deus.
Gostaria de nos levar a pensar se estamos querendo enganar alguém. Se os nossos propósitos, mesmo aqueles “mais espirituais”, não estão banhados com alguma ambição pecaminosa escondida. Podemos enganar o mundo, podemos enganar a igreja, podemos enganar até a nós mesmos, mas não podemos enganar ao Deus a quem nada está oculto.

Em Cristo,

Felipe Prestes

Um comentário:

Anônimo disse...

Excelente crônica. Este com toda certeza é o quadro da nossa "comunidade cristã" atual. Infelizmente fomos acorrentados pelos grilhões do capitalismo e influências pós-modernas. Estamos submersos na ideologia de que só valemos o que temos ou aparentamos ter. Não me refiro só a condições financeiras, mas a status social mesmo, como o texto trata com cores tão fortes e vívidas no âmbito eclesiástico. Parabéns caro Felipe Prestes, por tal devocional, pois com certeza trouxe-nos muita edificação.