Pages

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

A CRISE DO ANTROPOCENTRISMO NO BIG BROTHER BRASIL.

 

bbb1

Há certos assuntos que são tidos como “casos perdidos” pelos pastores. Vestimenta feminina, fofoca na igreja e o “fica” entre jovens são alguns exemplos. Mas a televisão supera a todos. É estarrecedor como assistir o que não presta na TV já se tornou o “pecado de estimação” dos crentes, como diria meu parceiro de blog Carlos.

O Big Brother Brasil é um bom exemplo disso. Esse programa já está na sua nona edição, e pelo nono ano consecutivo os pastores são obrigados a pregar sobre a imoralidade desse programa e o quanto ele não presta. Mas, como eu falei, “caso perdido”.

Porém, por que o BBB é um programa tão querido e tão assistido? Por que o povo brasileiro ama “dar uma espiadinha”? Qual o motivo de tanto interesse na vida daqueles confinados? O que será que eles tem demais?

A resposta é simples: o antropocentrismo. Amamos a nós mesmos. O pecado nos faz sentirmos como deuses, merecedores de atenção, devoção e, no caso do BBB, IBOPE. Sentimos imenso prazer naquilo que está relacionado com o ser humano. Não falo de solidariedade ou a empatia. Mas, trocando em miúdos, adoramos “espiar” a vida do outro, xeretar os problemas alheios. E o BBB é um prato cheio.

Lá se pode encontrar pessoas brigando. Também casais que se formam e tem seus conflitos e afetos. Já ouvi de programas que até tem o Bem contra o Mal. Enfim, lá tem absoltamente tudo o que gostamos de observar na vida dos outros. O BBB é um banquete para curiosos, fofoqueiros e fuxiqueiros de plantão.

Mas, como eu disse, o cerne desse interesse é o antropocentrismo. Assim, eu poderia dizer que o Big Brother promove uma crise no antropocentrismo. Foi-se o tempo em que o homem era admirado pela perfeição da máquina do seu corpo, como o fez Rodin em suas esculturas. Ou pela sua razão, nos escritos de Descartes. Foi-se o tempo em que ser antropocêntrico era elevar aquilo que o homem supostamente tinha de mais nobre. O BBB é quem demonstra que, de fato, esse tempo se foi.

Digo isso porque assisti um episódio em uma Segunda Feira, e pelo que notei, eles levavam àqueles que estão no “paredão” para uma sala com uma máquina da verdade e faziam perguntas a cada um. Quero fazer uma breve descrição da entrevista.

Pedro Bial – Como você se enxerga no jogo?

Participante – Eu vejo que estou muito focado em mim mesmo!!!

P.B – Como assim?

Part. – Por exemplo, nas provas individuais eu dou o maximo de mim, nas coletivas eu penso no grupo.

Prezado leitor, percebestes a “riqueza” desse diálogo? Notastes como as perguntas são tão satisfatoriamente respondidas? Observastes a riqueza de significado da expressão “focado em mim mesmo” e de sua explicação?

Óbvio que estou sendo irônico! Mas eu fiquei horrorizado com cada entrevista. São frases vazias, são colocações vagas. Todos falam do mesmo jeito, repetem os mesmos chavões. Não há cultura, não há inteligência e nem tampouco o mínimo lampejo de intelectualismo. Talvez por isso que Pedro Bial é posto como apresentador, para dar uma equilibrada.

É isso que chamo de crise antropocêntrica. O povo ama esses “cabeças de vento”. Muitos saem de lá como heróis, ou exemplos para o povo brasileiro de garra e superação. Os telespectadores adoram ver brigas, picuinhas, falsidades, namoros, traições e etc... Lá não se vê ao menos um lendo um livro, tocando uma boa música num instrumento. Ninguém lá fala de política, economia, filosofia (e nem falo de Deus pois já está pressuposto).

Não estou defendendo o antropocentrismo. Estou apontando para a sua decadência. O BBB é de fato um Reality Show, ou seja, ele é realmente uma mostra da realidade. O mundo que há muito promoveu uma crise teocêntrica, agora vive uma crise antropocêntrica. Agora louvamos a burrice. Adoramos o que é néscio. Admiramos os “safados”. Os estultos atraem milhões e milhões de espectadores.

Graças a Deus que nos revelou em sua Palavra quem nós somos de verdade. Somos pecadores depravados (Rm 3:10), estamos carentes da glória de Deus (Rm 3:23). Não precisamos de máquinas da verdade e nem de câmeras nos vigiando para percebermos o quanto somos desgraçados longe de Deus. Precisamos diariamente ser teocentristas, nos escondermos detrás da face divina, irradiarmos a glória do Pai e espelharmos a sua graça excelsa. Se não fizermos isso, estaremos dispostos à vergonha, pois de nós mesmos o que temos de bom?

“Se Tu olhares Senhor para dentro de mim, nada encontrarás de bom. Mas um desejo eu tenho, de ser transformado. Preciso tanto do teu perdão, dá-me um novo coração”

Coração igual ao teu, Diante do Trono

2 comentários:

Felipe Prestes disse...

De fato, é impressionante como os heróis têm mudado através dos tempos. Antes, o mundo destacava as virtudes dos homens. Hoje, como nosso amigo Neto falou, são os defeitos, os pecados. A degradação humana parece que tem ganhado status.
É só olhar para as nossas celebridades.
Quem nossas crianças querem ser? Super-homem ou o próximo vencedor do Big Brother? Difícil pergunta em um mundo de valores e virtudes "desvalorizados" e "desvirtuados".
Ótima reflexão. Que nos leve a pensar sobre o que estamos assistindo e se isso agrada ou não a Deus.

Em Cristo,

Felipe Prestes

Marcos Aurélio Melo disse...

O BBB invade a sala de estar de muitas famílias, trazendo todo tipo de malícia aos lares de muitos brasileiros. O texto escrito realmente desmascara o programa de maior audiência na TV.
Parabéns.