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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

No olho dos outros é mais fácil


Em meio a tantos ventos de doutrina que sopram por aí levando milhares a encherem igrejas, templos e tabernáculos, ainda há os remanescentes que pregam a sã doutrina. De fato, são poucos. Afinal, as multidões não gostam quando a Palavra confronta seus pecados. A grande massa evangélica gosta mesmo é de motivação, de auto-ajuda. Todos querem prosperar.

Porém, como disse, ainda há os que pregam o Evangelho de Cristo. Ainda há homens e mulheres sérios, tementes a Deus, que estão preocupados em anunciar as boas novas do Evangelho. Quando vemos igrejas assim, respiramos. Vemos uma luz de verdade no fim de um túnel de falsos ensinamentos. Pensamos: graças a Deus, não estamos sozinhos.

Mas há algo a se analisar nisso tudo. Muitos pensam que só a pregação da sã doutrina é suficiente para fazer uma igreja ser santa. Quero ser muito cauteloso aqui, pois não quero ser mal interpretado. Sou um defensor ferrenho da Palavra de Deus e quero que ela seja sempre pregada retamente.

Há uma expressão chamada “ortodoxia morta”. Ela se refere ao ensino correto, mas sem efeito. A pregação está lá, e deve ser daquele jeito mesmo: bíblica, ortodoxa. Lutamos contra os liberais, lutamos contra ensinos puramente motivadores, lutamos contra denominações e igrejas que não pregam o Evangelho. Temos uma aversão a qualquer coisa que não esteja dentro dos padrões que consideramos corretos, seja na adoração ou na pregação.

A pergunta é: Será que temos essa mesma aversão àquilo que desagrada a Deus? O nojo que sentimos de alguns falsos mestres é o mesmo nojo que sentimos quanto àquilo que para o Senhor, segundo as Escrituras, é abominável. Eu sei que Deus odeia falsos profetas, mas Deus odeia também qualquer sombra de pecado, não só se referindo aos desvios da doutrina.

É muito fácil encontrar erros naquilo que está fora de nós, das nossas igrejas. Mas, o que tento dizer aqui é: está na hora de olhar para os nossos erros também. Apesar de ser mais fácil encontrar os erros nos de fora, mudá-los é muito difícil. Lembrando que isso não tira de nós a responsabilidade de apontar o que há de errado do lado de fora e lutar para que isso não chegue até nós. No entanto, quero frisar aqui a importância de passar por cima daquele orgulho que nutrimos quando nos achamos quase perfeitos, olharmos para os nossos erros e tentar mudá-los para a glória de Cristo.

Em Cristo,

Felipe Prestes

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Foto por: Eurico Dantas em
http://extra.globo.com/blogs/fotografia/default.asp?a=183&periodo=200703

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Sobre a soberania de Deus e as tragédias

Depois de um comentário feito no post anterior, espero que o texto a seguir possa esclarecer não só ao caro Anônimo, mas a todos os leitores deste blog, o que a Bíblia fala a respeito de catástrofes e outras fatalidades. Os comentários da postagem no blog do Dr. Augustus Nicodemus também podem enriquecer a discussão sobre o assunto.

Carta a Bonfim: Deus e as tragédias
Postado por Augustus Nicodemus Lopes às 17:03

Meu caro Bonfim,(*)

Foi realmente uma surpresa agradável encontrá-lo este fim de semana em Campos do Jordão, durante o feriado. Embora nossa conversa tenha sido breve, foi suficiente para relembrarmos os bons tempos que passamos quando éramos jovens na Igreja do Recife. Foi uma pena que não deu para aprofundarmos nossa discussão sobre Deus e as tragédias que ocorrem no mundo. Mas, como prometi, estou enviando este email para dar seqüência ao que pude apenas começar a dizer.

Fiquei preocupado com o jeito que você está querendo entender a tragédia que foi a queda do vôo 447 da Air France na semana passada. Você me deu a entender que está revoltado com o fato de que centenas de pessoas boas, desprevenidas, cidadãos de bem, foram apanhados numa tragédia e morreram de forma terrível, deixando para trás famílias, filhos, entes queridos. Você perguntou aflito, “Onde estava Deus quando tudo isto aconteceu?”

Eu entendo a sua preocupação com o dilema moral que tragédias representam quando vistas a partir do conceito cristão histórico e tradicional de Deus. Se Deus é pessoal, soberano, todo-poderoso, onisciente, amoroso e bom, como então podemos explicar a ocorrência das tragédias, calamidades, doenças, sofrimentos, que atingem bons e maus ao mesmo tempo?

Creio que qualquer tentativa que um cristão que crê que a Bíblia é a Palavra de Deus faça para entender as tragédias, desastres, catástrofes e outros males que sobrevêm à humanidade, não pode deixar de levar em consideração dois componentes da revelação bíblica, que são a realidade da queda moral e espiritual do homem e o caráter santo e justo de Deus.

Lemos em Gênesis 1—3 que Deus criou o homem, macho e fêmea, à sua imagem e semelhança, e que os colocou no jardim do Éden, com o mandamento para que não comessem do fruto proibido. O texto relata como eles desobedeceram a Deus, seduzidos pela astúcia e tentação de Satanás, e decaíram assim do estado de inocência, retidão e pureza em que haviam sido criados. As conseqüências, além da queda daquela retidão com que haviam sido criados, foram a separação de Deus, a perda da comunhão com ele, e a corrupção por inteiro de suas faculdades, como vontade, entendimento, emoções, consciência, arbítrio. Pior de tudo, ficaram sujeitos à morte, tanto espiritual, que consiste na separação de Deus, como a física e a eterna, esta última sendo a separação de Deus por toda a eternidade.

Este fato, que chamamos de “queda,” afetou não somente a Adão e Eva, mas trouxe estas conseqüências terríveis a toda a sua descendência, isto é, à humanidade que deles procede, pois eles eram o tronco e a cabeça da raça humana. Em outras palavras, a culpa deles foi imputada por Deus aos seus filhos, e a corrupção de sua natureza foi transmitida por geração ordinária a todos os seus descendentes. Desde cedo na história da Igreja cristã esta doutrina, que tem sido chamada de “pecado original”, foi questionada por gente como Pelágio, que afirmava que o pecado de Adão e Eva afetou somente a eles mesmos, e que seus filhos nasciam isentos, neutros, sem pecado, e sem culpa e sem corrupção inata. Tal idéia foi habilmente rechaçada por homens como Agostinho, Lutero, Calvino e muitos outros, que demonstraram claramente que o ensino bíblico é o que chamamos de depravação total e transmitida, culpa imputada e corrupção herdada. As conseqüências práticas para nós hoje são terríveis. Por causa desta corrupção inata, com a qual já nascemos, somos totalmente indispostos para com as coisas de Deus; somos, por natureza, inimigos de Deus e, portanto, filhos da ira. É desta natureza corrompida que procedem os nossos pecados, as nossas transgressões, as desobediências, as revoltas contra Deus e sua Palavra.

Agora chegamos no ponto crucial e mais relevante para nosso assunto. Entendo que a Bíblia deixa claro que os nossos pecados, tanto o original quanto os pecados atuais que cometemos, por serem transgressões da lei de Deus, nos tornam culpados e portanto sujeitos à ira justa de Deus, à sua justiça retributiva, pela qual ele trata o pecador de acordo com o que ele merece. Ou seja, a humanidade inteira, sem exceção – visto que não há um único justo, um único que seja inocente e sem pecado – está sujeita ao justo castigo de Deus, o que inclui – atenção! – a morte, as misérias espirituais, temporais (onde se enquadram as tragédias, as calamidades, os desastres, as doenças, o sofrimento) e as misérias espirituais (que a Bíblia chama de morte eterna, inferno, lago de fogo, etc.).

A Bíblia revela com muita clareza, e sem a menor preocupação de deixar Deus sujeito à crítica de ser cruel, déspota e injusto, que ele mesmo é quem determinou tragédias e calamidades sobre a raça humana, como parte das misérias temporais causadas pelo pecado original e as transgressões atuais. Isto, é claro, se você acredita realmente que a Bíblia é a Palavra de Deus, e não uma coleção de idéias, lendas, sagas, mitos e estórias politicamente motivadas e destinadas a justificar seus autores. De acordo com a Bíblia, foi Deus quem condenou a raça humana à morte no jardim (Gn 2.17; 3.19; Hb 9.27). Foi ele quem determinou a catástrofe do dilúvio, que aniquilou a raça humana com exceção da família de Noé (Gn 6.17; Mt 24.39; 2Pe 2.5). Foi ele quem destruiu Sodoma, Gomorra e mais várias cidades da região, com fogo caído do céu (Gn 19.24-25). Foi ele quem levantou e enviou os caldeus contra a nação de Israel e demais nações ao redor do Mediterrâneo, os quais mataram mulheres, velhos, crianças e fizeram prisioneiros de guerra (Dt 28.49-52; Hab 1.6-11). Foi ele quem levantou e enviou contra Israel povos vizinhos para saquear, matar e fazer prisioneiros (2Re 24.2; 2Cr 36.17; Jr 1.15-16). Foi ele quem ameaçou Israel com doenças, pestes, fomes, carestia, seca, pragas caso se desviassem dos seus caminhos (Dt 28). Foi ele quem enviou as dez pragas contra o Egito, ferindo, matando e trazendo sofrimento a milhares de egípcios, inclusive matando os seus primogênitos (Ex 9.13-14). Foi o próprio Jesus quem revelou a João o envio de catástrofes futuras sobre a raça humana, como castigos de Deus, próximo da vinda do Senhor, conforme o livro de Apocalipse, tais como guerras, fomes, pestes, pragas, doenças (Apocalipse 6—9), entre outros. Foi o próprio Jesus quem profetizou a chegada de guerras, fomes, terremotos, epidemias (Lc 21.9-11) e a destruição de Jerusalém, que ele chamou de “dias de vingança” de Deus contra o povo que matou o seu Filho, nos quais até mesmo as grávidas haveriam de sofrer (Lc 21.20-26). E por fim, Deus já decretou a catástrofe final, a destruição do mundo presente por meio do fogo, no dia do juízo final (2Pe 3.7; 10-12).

Isto não significa, na Bíblia, que o sofrimento das pessoas é sempre causado por uma culpa individual e específica. Há casos, sim, em que as pessoas foram castigadas com sofrimentos temporais em virtude de pecados específicos que cometeram, como por exemplo o rei Uzias que foi ferido de lepra por causa de seu pecado (2Cr 26.19; cf. também o caso de Miriã, Nm 12.10). O rei Davi perdeu um filho por causa de seu adultério (2Sm 12.14). Mas, em muitos outros casos, as tragédias, catástrofes, doenças e sofrimentos não se devem a um pecado específico, mas fazem parte das misérias temporais que sobrevêm à toda a raça humana por conta do estado de pecado e culpa em geral em que todos nós nos encontramos. Deus traz estas misérias e castigos para despertar a raça humana, para provocar o arrependimento, para refrear o pecado do homem, para incutir-lhe temor de Deus, para desapegar o homem das coisas desta vida e levá-lo a refletir sobre as coisas vindouras. Veja, por exemplo, a reflexão atribuída a Moisés no Salmo 90, provavelmente escrito durante os 40 anos de peregrinação no deserto. Veja frases como estas:

Tu reduzes o homem ao pó e dizes: Tornai, filhos dos homens... Tu os arrastas na torrente, são como um sono, como a relva que floresce de madrugada; de madrugada, viceja e floresce; à tarde, murcha e seca. Pois somos consumidos pela tua ira e pelo teu furor, conturbados. Diante de ti puseste as nossas iniqüidades e, sob a luz do teu rosto, os nossos pecados ocultos. Pois todos os nossos dias se passam na tua ira; acabam-se os nossos anos como um breve pensamento...

Não devemos pensar que aquelas pessoas que ficam doentes, passam por tragédias, morrem em catástrofes – como os passageiros do AF 447 – eram mais pecadoras do que as demais ou que cometeram determinados pecados que lhes acarretou tal castigo. Foi o próprio Jesus quem ensinou isto quando lhe falaram do massacre dos galileus cometido por Pilatos e a tragédia da queda da torre de Siloé que matou dezoito (Lc 13.1-5). Ele ensinou a mesma coisa no caso do cego relatado em João 9.3-4. Os seus discípulos levantaram o problema do sofrimento do cego a partir de um conceito individualista de culpa, ponto que foi rejeitado por Jesus. A cegueira dele não se deveu a um pecado específico, quer dele, quer de seus pais. As pessoas nascem cegas, deformadas, morrem em tragédias e acidentes, perdem tudo que têm em catástrofes, não necessariamente porque são mais pecadoras do que as demais, mas porque somos todos pecadores, culpados, e sujeitos às misérias, castigos e males aqui neste mundo.

No caso do cego, Jesus disse que ele nascera assim “para que se manifestem nele as obras de Deus” (Jo 9.3). Sofrimento, calamidades, etc., não são somente um prelúdio do julgamento eterno de Deus; há também um tipo de sofrimento no qual Deus é glorificado por meio de Cristo em sua graça, e assim se torna, portanto, um exemplo e um prelúdio da salvação eterna. As tragédias servem para levar as pessoas a refletir sobre a temporalidade e fragilidade da vida, e para levá-las a refletir nas coisas espirituais e eternas. Muitos têm encontrado a Deus no caminho do sofrimento.

O que eu quero dizer, Bonfim, é que, diante de acidentes como a queda do AF 447, devemos nos lembrar que eles ocorrem como parte das misérias e castigos temporais resultantes das nossas culpas, de nossos pecados, como raça pecadora que somos. Poderia ser eu que estava naquele avião. Ou, alguém muito melhor e mais reto diante de Deus. Ainda assim, Deus não teria cometido qualquer injustiça, ainda que aquele avião estivesse cheio dos melhores homens e mulheres que já pisaram a face da terra. Pois mesmo estes são pecadores. Não existem inocentes diante de Deus, Bonfim. Pense nisto, antes de ficar indignado contra Deus diante do sofrimento humano.

Por último, preciso deixar claro duas coisas para você. Primeira, que nada do que eu disse acima me impede de chorar com os que choram, e sofrer com os que sofrem. Somos membros da mesma raça, e quando um sofre, sofremos com ele. Segunda, é preciso reconhecer que a revelação bíblica é suficiente, mas não exaustiva. Não temos todas as respostas para todas as perguntas que se levantam quando um acidente destes acontece. Não sabemos, por exemplo, porque foi o vôo AF 447 e não outro que caiu no oceano matando todos os seus ocupantes. Não conhecemos a vida de seus passageiros e nem os propósitos maiores e finais de Deus com aquela tragédia. Só a eternidade o revelará. Temos que conviver com a falta destas respostas neste lado da eternidade. Mas, é preferível isto a aceitar respostas que venham a negar o ensino claro da Bíblia sobre Deus, como por exemplo, especular que ele não é soberano e nem onisciente e onipotente. Posso não saber os motivos específicos, mas consola-me saber que Deus é justo, bom e verdadeiro, e que todas as suas obras são perfeitas e retas, e que nele não há engano.

No mais, termino com meu apelo para que você esteja sempre pronto a ser chamado à presença de Deus a qualquer instante. Somente em Cristo encontramos perdão para nossos pecados e reconciliação com Deus.

Um grande abraço,
Augustus

(*) Bonfim é um amigo fictício, embora os fatos não o sejam.

Fonte: Tempora-mores

Soma de probabilidades ou poder de Deus?


Há uma corrente de pensamento chamada naturalismo. Segundo os seguidores de tal filosofia, tudo o que acontece tem uma explicação natural, isto é, as regras da natureza, muitas delas já explicadas pela ciência, não podem, em hipótese alguma, deixar de serem seguidas.

Não é preciso muito para entender que os naturalistas não creem em milagres, que são exatamente fenômenos que não seguem as leis naturais. Mas, então, o que um naturalista diria desse acontecimento?

Certamente, ele diria que uma soma de probabilidades do “acaso” não deixou que o bebê morresse. Algum ferro não encostou na criança, o carrinho ficou em um lugar estratégico nos trilhos, o trem estava perdendo velocidade etc. Tudo isso não deixou a criança morrer.

Mas, e se a mãe da criança fosse naturalista. Não acho que, no momento em que viu seu bebê debaixo dos trilhos do trem, tenha clamado: “Oh, minhas leis de Newton”, “Oh, minha santa probabilidade”, ou alguma coisa do gênero. Creio que, em momentos como esses, até o mais convicto dos ateus teria clamado: “Deus, me ajude”.

Deus está também nas leis naturais. Nós não atentamos tanto para isso exatamente por elas serem naturais, comuns aos nossos olhos. A maçã de Newton só caiu porque Deus sustenta a lei da gravidade e todas as outras leis que a ciência já descobriu.

Mas parece que Ele gosta também de mostrar o Seu poder através de fatos extraordinários, desafiando as leis que muitos pensam ser soberanas. Se alguém lhe dissesse: Um carrinho com um bebê dentro caiu nos trilhos em que, logo em seguida, o trem veio, passando sobre o carrinho e arrastando-o por trinta metros. A resposta certamente seria um lamento pela morte da criança.

O que Deus nos mostra é que Ele está no controle. Ele tem poder sobre a vida e a morte. Se Ele é esse Senhor Soberano sobre tudo, por que se preocupar com as coisas dessa vida?

"Ah! SENHOR Deus, eis que fizeste os céus e a terra com o teu grande poder e com o teu braço estendido; coisa alguma te é demasiadamente maravilhosa." (Jr 32.17)

Em Cristo,

Felipe Prestes

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

O crescimento que vem do púlpito

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Geralmente quando dois pastores se encontram pela primeira vez e conversam sobre seus ministérios, uma das primeiras perguntas feitas é “Quantos membros têm na sua igreja?”.

Muitos medem o sucesso de um ministério pela quantidade de fiéis na igreja. Livros e mais livros são lançados para ensinar aos líderes os mais novos métodos de crescimento de igreja e, assim, a garantia de sucesso ministerial.

Mas o que fazer para a igreja crescer? Muito pode ser feito. Há quem defende um método de grupos de 12 pessoas, que geram mais doze e assim há o crescimento. Outros abraçam o método dos pequenos grupos. Também há alguns afirmando que a igreja deve ser sensível ao interesse do público. Tudo isso funciona. Todas as igrejas que utilizam tais métodos são enormes e obtêm sucesso.

A igreja primitiva, entretanto, também teve o seu método de crescimento de igreja. Em Atos 6:1-7 notamos a solução dos apóstolos ao problema dos helenistas e judeus. Eles disseram que não deveriam deixar de dedicar-se à Palavra de Deus para cuidar do interesse pessoal dos fiéis. A comunidade deveria eleger alguns homens para tais serviços para que os apóstolos se dedicassem apenas à palavra e oração.

Ou seja, para os apóstolos, não havia nada mais importante para a igreja do que a proclamação da Palavra de Deus. Todos os demais interesses da igreja deveriam ser secundários diante do seu interesse pela palavra. A pregação da palavra deveria ser a atividade central daqueles líderes.

A conseqüência disso encontra-se no verso 7. Diz lá que “Crescia a palavra de Deus, e, em Jerusalém, se multiplicava o número dos discípulos...”. O crescimento dos discípulos acompanhava o crescimento da palavra. O grande método de crescimento dos apóstolos era a proclamação das Escrituras.

Afirmei que os métodos sugeridos de crescimento de igreja funcionam. De fato funcionam se o objetivo for o crescimento em si. Mas se o objetivo de um líder for um crescimento saudável, de crentes fiéis a Deus, de verdadeiros crentes, seu método não será outro, senão a pregação pura e simples da palavra regada de muita oração. A igreja primitiva crescia, não porque os apóstolos visitavam os convertidos, ou porque eram grandes aconselhadores, nem tampouco porque tinham métodos inovadores de crescimento, mas porque se dedicavam à palavra, e esta palavra alimentava àquela igreja com um crescimento sadio e verdadeiro.

Portanto, não há nada mais importante para nossos líderes do que a pregação da palavra. Desejemos que o púlpito seja o local em que eles mais anelem estar. De lá sairá o método mais poderoso, eficaz e saudável para o crescimento da igreja.

 

“In omnibus glorifecetur Deus”

terça-feira, 13 de outubro de 2009

deuses pela metade


“Porque, ainda que há também alguns que se chamem deuses, quer no céu ou sobre a terra, como há muitos deuses e muitos senhores, todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem existimos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós também, por ele.” (1 Co 8.5,6)

Hoje vi um anúncio na TV de um programa que teria o foco de apresentar como as diferentes religiões viam certos aspectos da vida. Certamente, o programa deverá tratar desde as questões do cotidiano, como o estresse, até os assuntos que se referem à vida após a morte.

Desde cedo, sempre me perguntei: Por que tantas religiões? Alguns me respondiam que todas acreditavam no mesmo deus, mas o chamavam de formas diferentes. Outros diziam que o importante era seguir alguma delas para se ter uma vida melhor. E ainda havia os que diziam que todos os caminhos levavam a Deus.

Diante de tantas respostas, isto é, tantos deuses, o que fazer? Na verdade, quem fez não fui eu. Fui alvo de uma ação miraculosa, fruto de um planejamento eterno antes da criação do próprio tempo. A graça irresistível de um Ser chamado Deus, exercida através da morte de Seu único Filho, me alcançou. Respondi com um “sim” à oferta de uma vida eterna com esse Deus. Pedi perdão pelas faltas, os pecados, que até então havia cometido contra Ele. Esse Ser se revelou a mim. Não em uma epifania insana, não em um ataque de nervos. Esse Deus se revelou pelas Suas próprias palavras, escritas em um livro, a Bíblia.

Então, olhei para os outros deuses, para as outras respostas. Vi que eram deuses pela metade e, portanto, só me davam respostas pela metade. A minha expectativa pela eternidade, comum a todos os homens, não era preenchida por nada. O abismo que havia dentro de mim só seria preenchido por aquEle Deus da Bíblia. O Deus que me prometeu a vida eterna com Ele. Assim, fui transformado em um novo homem, uma nova criatura.

Cri e creio em um Deus completo, e não pela metade.

Em Cristo,

Felipe Prestes

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Vitória ou completa derrota?


"O só existir entre vós demandas já é completa derrota para vós outros." (1 Co 6.7a)

Às vezes fico me perguntando sobre essas vitórias que são faladas por aí nas músicas, nas programações de muitas igrejas e nas propagandas de televisão. “Venha para a quarta da vitória!”, “Culto da vitória”, “A vitória é sua!”. Essas e outras expressões podem ser encontradas nesse tão vasto meio evangélico.

O que me pergunto acerca disso é o que é, de fato, essa tão falada vitória. Será que se refere à vitória financeira? Se for assim, todos aqueles que passam por dificuldades financeiras (a maioria das pessoas?) seriam as derrotadas ou as que estão lutando? Haverá um momento em que pararão de lutar? Serão ricos então?

O que se pode ver é que esse termo “vitória” é utilizado de uma forma muito genérica. “O irmão vai obter vitória!”. E eu me pergunto: Que tipo de vitória vou obter? Quando eu vencer, não vou mais lutar?

Lendo a epístola de Paulo aos Coríntios, chamou-me atenção uma passagem em que Paulo fala de uma completa derrota. O contexto é a situação de alguns crentes que tinham pendências jurídicas com outros irmãos e que queriam resolver esses impasses nos tribunais incrédulos. Paulo os exorta a acertarem suas contas diante dos próprios irmãos, numa espécie de assembleia. Então, o apóstolo diz que só o fato de haver esses problemas, o que ele chama de demandas, já é uma completa derrota.

Com isso, pode-se perceber qual o conceito de Paulo sobre derrota. Para o apóstolo, derrota é ver aquela igreja dividida, é ver uma completa falta de harmonia no povo de Deus. A vitória, portanto, seria uma igreja unida no propósito de glorificar a Deus. Seria vitoriosa a igreja em que os irmãos resolvessem suas diferenças entre si de uma forma saudável, isto é, bíblica. Não vejo em nenhum momento Paulo dizer que a igreja vitoriosa é aquela que tem mais membros ou que tem a maior arrecadação.

Vencer significa fazer o que agrada a Deus. Nas cartas às igrejas, em Apocalipse, há a expressão “ao vencedor”. Significa aqueles que obtiveram a aprovação do Senhor, mostrando-se crentes genuínos. Esses são os vencedores.

Escrevo isso para tentar tirar esse ar triunfalista que toma conta de muitos crentes. Com uma falsa impressão do que é vitória, pensam eles que vencer significa prosperar. Para os que pensam assim, lembrem-se de que a maior vitória que o mundo já viu foi a morte de Cristo na cruz e a Sua ressurreição. Não consigo ver algo mais doloroso e difícil do que morrer em uma cruz. Mas, naquele momento, Cristo estava triunfando sobre a morte, cumprindo a vontade do Pai.

Em Cristo,

Felipe Prestes