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segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Eu, um juiz?


“Portanto, nada julgueis antes do tempo, até que venha o Senhor, o qual não somente trará à plena luz as coisas ocultas das trevas, mas também manifestará os desígnios dos corações; e, então, cada um receberá o seu louvor da parte de Deus.” (1 Co 4.5)

A necessidade de julgar parece ser intrínseca a nós, seres humanos. Estamos sempre avaliando algo, desde o início do nosso dia, quando acordamos e dizemos de nós mesmos, por exemplo, que naquele dia não estamos de bom humor, até quando vamos dormir e dizemos que o vizinho do lado é um insensível por escutar música num volume alto a ponto de atrapalhar nosso sono. Tudo isso é avaliação. Tudo entra no mérito do julgar.

Temos também outra característica que também é intrínseca a nós: a limitação. Sendo limitados a não conseguir saber os pensamentos de outras pessoas, só conseguir ver uma parte da realidade e ter um raciocínio que só vai até um certo ponto, temos nossa capacidade de julgar seriamente comprometida. Afinal, se não vemos a situação, de fato, como um todo que ela é, podemos julgar de forma errada. Além disso, ainda há o pecado, também dentro de todos os homens, que torna os nossos julgamentos imperfeitos, assim como nós.

Não digo com isso que devemos parar de julgar o que se apresenta a nós. Pelo contrário, a Bíblia reforça a nossa obrigação de sempre avaliarmos tudo. O pedido de Salomão foi por sabedoria para discernir entre o bem e o mal a fim de que pudesse julgar o seu povo.

O julgamento dos homens pode falhar, e esse é o meu foco aqui. O que os outros pensam sobre nós mesmos pode estar errado. Até o que nós pensamos acerca de nós mesmos pode estar errado. Mas há um julgamento do qual ninguém escapa. Nesse julgamento, o Reto Juiz vê absolutamente toda a situação. Ele não precisa de investigações ou detectores de mentiras para saber o que realmente aconteceu.

Esse Senhor, o Perfeito Juiz, mostrará tudo o que foi escondido. Ele trará luz ao que foi oculto em trevas. E não só isso. Ele manifestará os desígnios dos corações. Ele verá o que motiva cada um de nós a fazer cada uma de nossas ações. Não adiantarão sorrisos amarelos, respostas evasivas e outras estratégias que utilizamos para maquiar a nossa situação. O Senhor revelará absolutamente tudo.

E, nesse momento, cada um receberá de Deus, o Justo Juiz, o louvor da parte dEle. Esse louvor vale mais do que alguns segundos de aplausos que logo se cansarão, esse louvor vale mais do que alguns tapinhas nas costas que rapidamente acabam, esse louvor vale mais do que um “muito bem” vindo de alguém que nem sabe exatamente o que nos levou a fazer tal feito.

O louvor que receberemos de Deus será o mais perfeito elogio que alguém poderá receber, pois vem exatamente do Senhor, que faz o seu julgamento com base em todos os fatos, e não em suposições. Nem sempre o louvor dos homens quer dizer aprovação de Deus. E a recíproca é verdadeira.

Em Cristo,

Felipe Prestes

Comunicado

Gostaria de informar aos caros leitores que o Lentes Espirituais parou por essa semana passada. Sem internet e sem computador ficou difícil escrever e postar por aqui. Graças a Deus, esse problema tem sido resolvido. Espero retornar com a mesma frequência de antes.

Em Cristo,

Felipe Prestes

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Falsa impressão

“Estes são servos do Deus Altíssimo e vos anunciam o caminho da salvação.” (At 16.17)

O que há de errado nessa frase? Quanto à sua veracidade, não há o que se discutir. Ela se refere a Paulo e seus companheiros de viagem, servos cumprindo a missão que lhes foi confiada. Também não há nada de errado com “Deus Altíssimo”. É um título bem pertinente para falar do Deus Soberano que está acima de tudo e de todos. Por fim, o que aqueles servos estavam fazendo também era verdade, afinal eles estavam pregando, anunciando Cristo, único caminho para a salvação do homem.

Então, se o erro não está no conteúdo da sentença, onde mais estará? Nesse momento, entra uma palavra chave para a interpretação de qualquer texto. A palavra é: contexto. A sentença em si, como mostrado, não contém erros. Poderíamos pensar, sem olhar o contexto, que ela foi proferida por alguém temente a Deus que anunciava o trabalho de alguns missionários. Mas essa seria uma falsa impressão. A sentença acima foi falada por um demônio.

Muitas vezes nos deparamos com situações semelhantes. Escutamos frases corretas, palavras bonitas, discursos verídicos. São pessoas falando sobre Deus de uma forma tão tocante que até emociona. A vontade que dá é de falar um amém bem grande depois do que alguns falam. Se ficássemos só no conteúdo, pensaríamos que aquilo foi falado por alguém temente a Deus como um fruto de lábios piedosos.

A questão é: não podemos ficar só no conteúdo. Precisamos olhar o contexto. Precisamos saber quem fala tal proferimento. Se em todo o seu discurso não há nenhum problema, devemos olhar a sua vida como um todo. É incontável o número de atrocidades que já foram feitas por discursos fora do lugar. Só como exemplo, podemos tomar os “teólogos” da prosperidade, que pegam versículos verdadeiros, sim, pois estão na Bíblia, mas versículos que se referem às bênçãos materiais que Deus dava a Israel na época do Antigo Testamento. Tirando desse contexto, esses falsos profetas dizem que fidelidade a Deus é igual a uma vida financeira próspera. Seja fiel e pague suas contas em dia! Seja fiel e troque o seu carro nacional por um importado. Seja fiel e seja feliz nas finanças!

Portanto, nada melhor do que o conselho que João escreveu na sua primeira epístola. Aliás, vale dizer que, em uma época com uma multidão de evangélicos crescendo exponencialmente a cada apelo em cada igreja desse Brasil, aquela epístola faz-se mais do que pertinente, faz-se fundamental. A tônica dela é o provar. O discípulo amado vai dando provas de quem é, de fato, um salvo. Se alguém não faz isso, é isso. É mais ou menos assim que João trata ao longo de sua epístola. Portanto, antes de crermos que alguém é um servo de Deus somente pelas suas palavras, olhemos para a situação total e sigamos as palavras de João:

“Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora.” (1 Jo 4.1)

Em Cristo,

Felipe Prestes

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Mísera fidelidade




Nesta semana, ouvi um irmão pedir a Deus em oração o seguinte: “Senhor, multiplica nossa mísera fidelidade.” Foi uma expressão que ficou ecoando em minha mente por um bom tempo.

Com essa feliz expressão, aquele irmão expressou muito. Falou da sua fidelidade, sim. Não como o fariseu que usou sua “oração” para se mostrar superior, mas como o publicano que evidencia a sua vontade de ser fiel, apesar de entender o quão pequena e miserável é sua fidelidade a ponto de não conseguir olhar para os céus.

O mais impressionante é ver que o Senhor Jesus, ao contrário de nós, é rico em fidelidade. Enquanto algumas vezes sentimos dificuldade em devolvê-Lo dez por cento do que Ele mesmo nos dá, Ele nos dá toda sorte de bênçãos nas regiões celestes. Enquanto hesitamos em usar o nosso tempo no serviço de Sua obra, Ele dá aos Seus amados enquanto dormem, olhando por nós o tempo todo em todo o tempo. Enquanto sentimos dificuldade em provar-Lhe, através de nossas ações, o nosso amor, Ele provou o Seu amor para conosco enviando Seu Único Filho para morrer pelos que cressem nEle.

A lista poderia continuar facilmente. Diante disso, façamos das palavras daquele irmão as nossas.

Senhor, multiplica nossa mísera fidelidade!


"Se somos infiés , ele permanece fiel, pois de maneira nenhama pode negar-se a si mesmo."

(2 Tm 2.13)



Em Cristo,

Felipe Prestes

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Opostos


Para o mundo, obras expostas.

Para Deus, motivação de coração.

Para o mundo, orgulho e imponência.

Para Deus, humilhação e contrição.

Para o mundo, só prazer,
nada de sofrimento.

Para Deus, prazer até
no sofrimento.

Para o mundo, rapidez e praticidade.

Para Deus, espera e fé.

Para o mundo, riquezas e bens.

Para Deus, temor a Ele.

Para o mundo, amor só aos
que nos fazem bem.

Para Deus, amor até aos
que nos fazem mal.

Para o mundo, viver como
se nada houvesse após a morte.

Para Deus, viver em função
do que haverá após a morte.

Para o mundo, inteligência.

Para Deus, sabedoria.

Para o mundo, os primeiros.

Para Deus, os últimos.

Para o mundo, os maiores.

Para Deus, os menores.

Para o mundo, os que têm.

Para Deus, os que são.

Para o mundo, o ver.

Para Deus, o crer.

Para o mundo, o receber.

Para Deus, o dar.

Para o mundo, os que mandam.

Para Deus, os que servem.


Em Cristo,
Felipe Prestes

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Branco? Tem certeza?

Creio que todos já viram aquelas propagandas de sabão em pó. Na verdade, elas parecem ser sempre as mesmas. Há sempre uma comparação entre “o sabão de outras marcas” e o sabão da marca anunciante. Para isso, pegam duas camisas brancas. Uma lavada pelo sabão anunciante e outra lavada pelo “sabão de outras marcas”. Se olhássemos as duas camisas separadamente, acharíamos que estavam brancas. No entanto, ao se colocar uma ao lado da outra, o branco “mais branco” de uma vai mostrar o quanto a outra camisa não estava “tão branca assim”.

Às vezes temos também uma mania de branco. Olhamos para nós mesmos e não vemos “tanto pecado assim”. Um errinho aqui, um escorregão ali, mas nada que comprometa nossa vida espiritual – é o que pensamos. Chegamos diante de Deus pedindo perdão pelos nossos pecados, mas, na verdade, não vemos tantos erros assim. Pedimos pra que Deus trabalhe na vida de fulano, sicrano e beltrano. Mas, na nossa vida, talvez não haja tanto a trabalhar assim.

Assim, pensamos que estamos brancos. Alvos como a neve. Mas, será mesmo? Será que estamos tão alvos assim?

Na verdade, essa alta avaliação de nós mesmos é um dos maiores erros que podemos cometer. Quando nos achamos santos demais, sábios demais, espirituais demais, certamente há um problema conosco.

A melhor solução para esse problema é nos achegarmos diante de Deus com sinceridade de coração. No momento em que compararmos nossa santidade, sabedoria e espiritualidade com a dEle, veremos o quão distante estamos do verdadeiro ideal de vida que precisamos ter. O que pensávamos que tínhamos de branco veremos que se tornou um trapo de imundície. Miraremos o branco de Cristo e veremos quão sujas são muitas das nossas obras e motivações.

Portanto, na hora de nos avaliarmos, ninguém melhor do que o Senhor, que é Santo, Santo, Santo, para nos mostrar o quanto precisamos melhorar. E, obviamente, só Ele pode derramar o Seu sangue sobre nós e, de fato, nos tornar alvos como a neve.

"segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso prcedimento, porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo." (1 Pe 1.15,16)

Em Cristo,

Felipe Prestes

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Quantas horas no céu?


Uma vez alguém me disse que um piloto de avião tem sua experiência contada a partir de suas horas de vôo. Isso quer dizer que, não obstante seus anos como piloto, o que conta como experiência são suas horas no ar.

Creio que o mesmo deve acontecer com a vida espiritual. “Quantos anos você tem de crente?”. Essa é uma pergunta comum. O intrigante é vermos jovens na fé tendo um desempenho espiritual maior do que muitos crentes “experientes”. É fácil ver crescimentos meteóricos em alguns, enquanto outros parecem ter parado no tempo.

Creio que nossa experiência como cristãos deve ser contada a partir do nosso tempo de comunhão com Deus. Deve-se contar quantas horas tivemos no céu, em contanto com o Pai. Não importa há quanto tempo foi o nosso batismo. Não importa quantos aniversários de nossas igrejas já acompanhamos. O nosso crescimento espiritual é contado a partir do nosso tempo perto de Cristo.

Se fôssemos listar o que nos ajuda a crescer como crentes, talvez fizéssemos uma lista enorme de tarefas espirituais. Mas o que é imprescindível para ganhar maturidade na vida cristã são as disciplinas espirituais mais básicas: leitura da Bíblia e oração. Eu colocaria mais uma. Não como disciplina para se fazer uma vez no dia, mas como prática para se fazer durante toda a nossa vida.

Esse item da lista seria um esforço não pontual, mas constante de buscar fazer a vontade do Pai, praticando os Seus preceitos e tornando em ações o que prometemos a Ele em palavras.

Assim, ganharemos não só experiência como crentes. Ganharemos intimidade com o Senhor Jesus, teremos mais claramente Sua imagem em nós e brilharemos mais intensamente a Sua luz. Tudo para dar mais glórias a Ele.

E então? Quantas horas no céu você tem?

"De modo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento." (1 Co 3.7)

Em Cristo,

Felipe Prestes

terça-feira, 1 de setembro de 2009

O Sorriso da Alma (Atos 16:19-26)

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“O louvor é o sorriso da alma”. Ouvi esta frase em uma música. Ela me chamou a atenção por afirmar que o louvor é um sorriso e que vem da alma. Sorrir é uma expressão corporal. A gente sorri com a boca, mostrando os dentes, contraindo o rosto. Então, em que sentido o louvor é um sorriso que vem da alma?

O Apóstolo Paulo e seu companheiro de viagem Silas mostram-nos o que é sorrir na alma. Lucas relata no livro de Atos, capítulo 16, dos versículos 19 a 26, uma ocasião onde tudo parecia mal, não havia nenhum motivo para sorrir. Paulo e Silas encontravam-se em uma situação desesperadora. E quem sorri quando está desesperado?

O relato se passa em Filipos. No começo parecia que tudo caminhava muito bem. Logo quando chegaram, já houve a primeira conversão, a de Lídia. Depois, após serem perseguidos por alguém possesso de demônio, eles o exorcizaram e puderam continuar sua obra. Mas tudo então deu um nó. Os líderes da cidade, tomados por interesses financeiros, os arrastaram e mandaram que fossem açoitados com varas.

Deve doer muito ser açoitado com varas, mas a dor passa depois de, talvez, uma hora. O pior ainda estava por vir. Após açoitá-los, os levaram a uma prisão e os prenderam em um tronco. Este tronco era um instrumento de tortura que prendia as pernas abertas, causando dores intensas geradas por constantes cãibras, e eles passariam uma noite inteira sendo, desta forma, torturados.

Quem iria sorrir naquela hora? Será que alguém se divertiria em uma situação como aquela e daria gargalhadas? Quem, após levar chibatadas e ser torturado, manifestaria alegria? Ninguém, é claro, nem Paulo e Silas. Eles não estavam sorrindo, não estavam alegres, não estavam “para brincadeira”. Estavam desesperados! Sentiam dores intensas, cãibras nas pernas, ardor nas costas.

Entretanto, aqueles homens poderiam estar aprisionados, mas as suas almas estavam livres. As chibatadas doíam no corpo, mas, em suas almas, elas geravam um regozijo intenso de alegria, talvez se lembrando de seu amado mestre que havia sofrido aquela mesma dor. Seus corpos não queriam sorrir, mas as suas almas sorriam alegremente cantando como uma criança que brinca livre em um campo aberto.

Assim, entendemos como o louvor é o sorriso da alma. Ainda que esta vida nos faça sofrer ao passarmos por situações tão tristes, a nossa alma está transbordante de alegria. Embora presos por algemas, nossas almas estão libertas em Cristo.

“Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação” 2 Coríntios 4:17

“Im omnibus glorifecetur Deus”